One-day love

Uma manhã dessas bem frias de inverno. 6h. O despertador toca. Ela ensaia para levantar e aperta o botão ''soneca'' do celular. 6h10. Levanta, esfrega os olhos. Com o péssimo hábito de andar descalça, pisa no chão gelado, vai ao banheiro. Tira o pijama e abre o chuveiro.

6h15. O despertador toca. Ele se levanta, vai anda até o banheiro, abre o chuveiro, volta para o quarto e liga a TV.

Ela se seca, enrola a toalha nos cabelos, veste uma calça jeans, um sapato preto de salto e uma blusa de lã. Ele se seca, enrola-se na toalha. No quarto, veste um terno-e-gravata com camisa branca.
Ele toma uma xícara de café, e come umas bisnaguinhas, enquanto Ela senta-se à mesa, toma um copo de chocolate e come uma fatia de pão. Ela está atrasada.
6h50. Cada um ruma para o metrô.

7h10. Entram no vagão.
Na malemolência do metrô, os dois vão se ajeitando até que fiquem frente-a-frente. E os olhares de cruzam.
Naquele vagão lotado, por um segundo, parecia-lhes que estavam a sós. Uma estação... duas... Uma moça levanta-se e Ela senta no banco, ainda de frente para Ele. Olhares, micro sorrisos tímidos, e olhares. Ah! os olhares...
''Será que me ofereço para segurar a mochila dele? Não... melhor não... deixa como está!''
Ela toma coragem, tira um pedaço de papel da bolsa, e escreve nome, telefone e e-mail. A coragem vai-se embora.
Estação Brigadeiro, ela descerá na próxima estação. ''Onde será que ele desce?''
E continuam os olhares e sorrisos.
Ela sai do metrô, e olha para trás. Ele dá um belo sorriso e um aceno de tchau.
A raiva da timidez A consome por dentro, por que não dera o papel para Ele?

Chegando no trabalho, Ela comenta com a colega de sala sobre o ocorrido, e passa o dia se perguntando o que aconteceria se tivessem se falado.
Três, quatro dias passam, e Ela atrasando-se pontualmente todos os dias, entrando sempre no mesmo vagão para encontrá-Lo novamente. Nada.

Num desses dias, depois de bem uma semana ou mais, estava Ela com suas amigas na faculdade, justamente relatando o que acontecera na semana anterior.
Quando olha para o outro lado do corredor, lá na outra ponta, avista um pontinho de terno-e-gravata... será?! ele se aproxima...É Ele!! como assim? o que Ele está fazendo aqui?
Ele esta com um amigo. Reconhece-A. Para no corredor, hesita...
Olhares... dessa vez, frenéticos e intensos, muito, muito felizes!
Ela entra num estado de histeria, não sabe o que fazer. Se corre, se grita, se vai atrás dele... e Ele vai... vai olhando para trás... e volta...
''Posso falar com você?''
- Mas é claro!
- O que você está fazendo aqui? - Pergunta Ele.
- Eu estudo aqui! e você?
- Eu também!
- ...
- Você vai embora como?
- Vou de metrô...
- Hoje estou de carro... quer uma carona? Te deixo em casa.
- Pode ser!

E Ela vai com Ele. Vão até o estacionamento reconhecendo-se, conversando... e desacreditando do momento que estão vivendo. Entram no carro, e Ele para no primeiro posto de gasolina. Enquanto o carro é abastecido, Ele A olha. ''Eu não acredito que eu estou aqui, com você, dentro do meu carro!'' Passa a mão por trás do pescoço dela, e A puxa para um beijo.

Depois que A deixou em casa, viram-se por mais alguns dias. Hoje, até se cumprimentam quando se cruzam pelos corredores da faculdade.

5 comentários:

Tati disse...

Definitivamente você gosta de finais BEM realistas...rs

Celso disse...

Que lindooo!!!
O final é coito interrompido para qq romântico de plantão, mas gostei assim mesmo. Se não deu certo é pq o sexo não foi bom. Fato.
ehehe

Raphael Altendorf disse...

Realista até demais!

Juliana Fernandes disse...

Vc escreve muito bem!
Eu queria viver uma história assim, apesar do final! =D

Plínio Freitas disse...

E laiá! Esse metrô tem jeito não!