Sobre a supervalorização dos defeitos



Quando eu era mais nova, não me lembro quem me contou uma história mais ou menos assim:

"Pense que o mundo é redondo (como realmente é) e que todas as pessoas andam nele em fila, com uma mochila nas costas. Dentro dessa mochila que está nas costas, carregamos todos os nossos defeitos, e tudo aquilo que não queremos que as pessoas vejam. Na nossa frente, vão as qualidades, e tudo aquilo que queremos mostrar de bom que temos a oferecer.
A pessoa que está atrás de nós, só vê a mochila que carregamos nas costas. Logo, vê, apenas, os nossos defeitos. E nós, vemos apenas a mochila que está nas costas de quem está a nossa frente. Portanto, as nossas qualidades e coisas boas, apenas nós mesmos vemos com clareza."

E é bem assim que acontece. Vira e mexe essa história me vem à cabeça e eu fico pensando nisso. 
Por mais que a gente mostre, arreganhe e exponha tudo aquilo que temos de bom, a mochila que fica mesmo bem evidente, é a das costas. 

Por exemplo, quando vamos à manicure, e ela machuca a unha do dedinho, mas faz todas as outras nove unhas perfeitamente lindas, não mostramos às nossas amigas "olha só como ela pintou bem essas unhas!! Só machucou essa aqui um pouquinho!". Mas dizemos "não vá a essa manicure! Olha só o que ela fez no meu dedinho!". Ou para os homens, quando deixam o carro para lavar, e o rapaz lava, encera, dá brilho, põe cheirinho e até passa pretinho no pneu, mas mexeu na configuração do banco para poder por o carro na vaga, porque é mais alto ou mais baixo que o dono do carro. O cara diz "FILHO DA PUTA! Era só pra estacionar o carro! Não precisa mexer no banco!" Mas não agradece o cara por ter passado um pretinho caprichado no pneu, assim, de brinde. 

Dá muito mais trabalho acelerar o passo e virar o corpo para observar o que o companheiro tem à frente dele. É muito cômodo manter o passo e continuar olhando para a mochila de trás. 


1 comentários:

Júlia C. Pinheiro disse...

Não sabia que você tinha um blog Prô! Eu também tenho um pessoal mas é trancado porque escrevo quase tudo lá, mas eu vou te convidar pra ler.

Enfim, adorei o seu texto e realmente acho que só vemos a parte de trás, a mochila, das pessoas. Não vejo isso como uma coisa boa, mas também não vejo como uma coisa ruim, uma vez que dependendo da pessoa com a qual lidamos, ver os defeitos rapidamente é a melhor forma de sair correndo haha.

Já ouvi também uma história de "mochilas" mais ou menos assim: Se o nosso dia foi estressante, se passamos por vários problemas durante o dia, enfim...acumulamos isso numa mochila que carregamos nas costas e por vezes sentimos dor, dor porque a mochila pesa, carregamos um peso maior do que podemos suportar. Aos poucos temos que fazer aquela "limpeza" na mochila e ponderar o que podemos classificar como problema ou o que podemos resolver com mais facilidade, sem complicação e sem estresse. Assim, carregaremos só o que nós realmente precisarmos, sem excessos.

Eu gosto dessa história. haha

Beijos e escreva mais.