Direito de Resposta

É incrível como coisas acontecem quando estamos despreparados, não?!
Numa noite fria de domingo, uma pessoa estranha me add no facebook, sabe, aquela coisa de amigo dozamigo? então... E diante a risadas sobre o passado do amigo em comum, trocamos o endereço dos nossos blogs, tipo:

"Ah, eu publico coisas, dá uma lida!"
"Legal! eu tb! Segue o endereço!"

E lá vou eu, fuçar o blog da tal pessoa. Deparei-me com um texto que tem a ver com um tema que eu penso muito, e que, há muito venho postergando escrever sobre. O texto é esse aqui.
Engraçado, que na mesma noite, eu tive uma conversa bem interessante e muito relacionada a esse assunto com um amigo que está em Barcelona, e tem uma visão de mundo bem legal, diferente da minha, e que, talvez, eu também gostaria de ter. Acaso? 


"Pergunto: Você é feliz com a vida que você leva? O que você mudaria? O que está em suas mãos agora? Você está fazendo tudo o que você poderia fazer ou já se deixou corromper por uma indolência burguesa ou burra?"


Confesso que esse papo de "deixar-se corromper por burguesia, sistema blablabla" é um papo que me tira o saco de querer ler ou pensar em qualquer coisa. Parece papo de comunistazinho partidario do PCdoB sustentado pelos pais (vide meu passado), mas eu gostei do deccorrer do texto e me identifico com o pensamento.

Respondo:
Não sou feliz com a vida que levo hoje.
Quando terminei a faculdade, eu tinha uma outra perspectiva sobre a vida, e nada do que faço hoje estava nos meus planos. Isso não significa que seja ruim, só significa que não é o que eu esperava para mim, e que não é assim que eu quero passar o resto da minha vida. Estive, por algum tempo, bem acomodada na minha zona de conforto, feliz da minha vida com o meu trabalho e com a minha vida social. Por motivos de força maior, me arrancaram dessa zona, e eu me vi na obrigação e direito de tentar mudar o rumo da minha vida. Mas alguma coisa ai no meio não deu lá muito certo. Algo estava mal planejado. Na verdade, nada foi planejado, pois, num intervalo de uma semana eu estava em um estado desconhecido, com pessoas desconhecidas, morando só, vivendo só, estando só. E foi aí que eu descobri que o que eu sonhava para mim, era, na verdade, uma utopia das grandes.
Hoje, me vejo onde eu disse que não queria estar. Onde eu planejei não estar. Por que será?

O que eu mudaria? 
A começar, o emprego. Não que eu não goste de estar em sala de aula. Descobri, finalmente, depois de algum bom tempo que comecei a dar aulas, o tesão na profissão. Hoje eu sou uma professora que gosta de estar com os alunos (mas não todos eles). Mas acho que eu tenho muito mais a fazer. Ser professor é uma coisa nobre. É uma das profissões mais respeitadas pelas pessoas. Nada na sua vida você faz sem ter um professor. Mas eu quero mais que isso para mim.
Mudaria a minha forma de ver o mundo e a minha maneira de me relacionar com as pessoas. Mamãe diz que eu me tornei egoísta. Eu concordo. Mas algumas vezes eu vejo isso como uma qualidade, mais do que um defeito. Altruísmo demais me incomoda. Gosto das coisas do meu jeito e sou teimosa demais pra fazer sempre do jeito das outras pessoas. Mas sei que isso também seria legal se mudasse um pouco.

O que está em minhas mãos agora?
Acho que a mais difícil de se responder. 
Em minhas mãos eu tenho a vontade de fazer o que há muito me proponho. Mas para isso, dinheiro é necessário, e essa é uma coisa que não está nas minhas mãos agora,
Há quem diga que eu não preciso de dinheiro nem de tudo tão planejadinho para chegar aonde eu quero. Mas eu não consigo pensar numa vida sem conforto e sem coisas já certinhas e bem seguras para fazer. Quando eu digo 'conforto', não quero dizer uma TV de LCD, o melhor sofá, geladeira de inox e essas coisas, mas sim, o mínimo de condição possível para que eu não emagreça 7kgs em um mês, novamente, comendo miojo como refeição principal e morrendo de calor e insônia a noite.

Estou fazendo tudo o que eu poderia fazer ou já me deixei corromper por uma indolência burguesa ou burra?
Claro que sou uma corrompida! E quem não é?! Quem não gosta da zona de conforto? 
Claro que eu posso mudar isso... 
Não estou fazendo tudo o que poderia (e deveria) fazer para chegar onde eu quero. Mesmo porque, esse papo de ter 'um objetivo' é meio doido. Se você é uma pessoa normal, nunca chegará aonde quer, exatamente. Antes mesmo de chegar ao seu objetivo inicial, já haverá um novo objetivo a ser alcançado. Me dá a ideia de que é um cavalo com cabresto que segue para o objetivo sem olhar as mil possibilidades em volta.
Posso ter como um objetivo, comprar um carro daqui um ano. No meio do caminho me aparece uma proposta muito legal de morar no exterior. Sigo reto, direto para o tal carro, ou deixo que essas novas oportunidades sejam aproveitadas?

São poucas as coisas que hoje me dão motivos para sorrir. Aliás, não me lembro qual foi a última vez que soltei uma bela gargalhada ou chorei de felicidade. 

8 comentários:

gipicles disse...

nessas horas nos resta rir das desgraças alheias que são piores que as nossas... tipo aquela coisa de ser do tamanho do gargalo da garrafa de cerveja... porra, você não gargalhou?

Toad - Matheus H. disse...

É Lelê, essa crítica de ser corrompido foi à mim mesmo, e claro que eu sou. Também vejo essa coisa de "criticar a burguesia" como coisa de revoltadinho sem causa, e que bom que você sacou a ideia do conformismo. Quanto aos objetivos, eu sempre vi um deles como a folha de uma árvore de decisões. Eu foco em um, mas se no meio do caminho surgir outro caminho melhor, pq não mudar? O que estava me incomodando quando escrevi o texto era algo mais de "e aí moleque, vai ficar nisso de 'deixa a vida me levar, vidalevaeu'??" ou "quando foi a última vez que você gargalhou gratuitamente??... não lembra? Hummm tem alguma coisa errada não?" - né? Que bom que um texto meu te causou esse questionamento, de verdade. E, a boa surpresa do fim de noite de um domingo frio deu um up na minha semana, logo de cara. Portanto, obrigado! ;)

Sguillaro [Scout] disse...

Lelê!! fazia tempo que não lia seu blog... mais uma vez gostei! Acho que muitas dessas "sensações" ou "fases" que você descreve serão constantes na vida de qualquer pessoa que não desiste de "correr atrás"! O que incomoda é "aonde está a felicidade nesse caminho?"... eu costumo dizer "a felicidade não está no TOPO, mas na escalada"
(caraca já usei muitas aspas)
Ontem mesmo falei para meus amigos que voltavam de um concurso q fui fazer em MG enquanto conversavamos sobre conferir gabaritos das provas... todos ficam tensos nessas horas, eu brinquei dizendo que deviamos reunir a galera para conferir o gabarito como se fosse um bingo... todos me acharam meio louco, mas completei justificando: "tudo que der pra fazer para tornar a coisa mais divertida é válido!!"
Existem etapas que devem ser superadas e muitas coisas desagradaveis e chatas que inevitavelmente fazem parte do caminho... então o negócio e tentar tornar tudo mais divertido para o caminhada ficar mais leve!
SEJA ALEGRE E SORRIA NAS DIFICULDADES!!! (você sabe aonde se aprender isso!)
Bjos... (volto ao seu blog em breve! e ainda vou criar coragem de começar o meu)

fábio disse...

Oi! Posso dar um palpite? Eu acho que sua inquietação só vai terminar quando voce admitir o que voce é: uma empreendedora.
O que está faltando é encarar os riscos.
O que é um empreendedor? Uma pessoa que constroi o mundo a sua volta.
um abraço
FÁBIO

Sacha palma disse...

Gargalhada? Porta, jah esqueceu da ultima vez q nos vimos?

Giovanna disse...

Adorei o blog, to passando aqui pela primeira vez e parabéns ein ! Tu escreve MUITO bem.
To seguindo o blog, se quiser retribuir seguindo o meu (novo) blog: http://felizporacaso.blogspot.com/

Julieta disse...

Acho que é tudo uma questão de ver o mundo com bons olhos sabe? se alegrar com as pequenas coisas do cotidiano. É isso que faz a diferença.

Celso disse...

Eita que te entendo! Só não concordo com a parte que diz que professor é uma profissão respeitada pelas pessoas. É o caramba! Rsrs. Se fosse, a gente ganharia muito mais $$$$$$$! E as pessoas nao ficariam se metendo achando-se expert no assunto (preste atenção, elas fazem isso, como se entendessem de dar aulas e fossem especialistas... Pq na cabeça delas, qq um dá aulas...e quem dá aulas, nao conseguiu ser nada melhor. Tem até um ditado de cursos de cinema, artes etc, que diz que "quem nao sabe fazer, dá aulas").

É triste! É a profissão mais foda que tem, mas tão desvalorizada e perdida. Eu, hoje, dou um conselho pra quem me diz que quer fazer Letras. Digo: "Faça outra coisa". Se pudesse voltar no tempo me diria algo do tipo "Faça engenharia." E, bom, se vc não curte a profissão, aproveita que dá muito tempo de recomeçar do zero, você é novinha, vai fazer engenharia rsrsrs. =P

Bjooo