Vinte e três

"Qual seria a sua idade se você não soubesse quantos anos você tem?"
Confúncio

Em um cômodo de sua casa, Julia vê fotos e vídeos antigos com sua mãe.
- Nossa! Já se passaram sete anos desde os meus quinze anos!
E sua mãe, com a maior naturalidade do mundo, responde:
- E pense só que faltam só sete para você chegar aos trinta.

Julia sentiu uma bomba-relógio sendo ativada em seu peito... Há sete anos, estava no primeiro ano do colegial. Suas maiores preocupações eram as notas de matemática. Chegava do colégio às 13h, almoçava... e só. Hoje, sete anos depois, terminara a faculdade, especializou-se, e as preocupações são tantas que não convém escrevê-las aqui. É o meio do caminho entre os quinze, e os trinta. (E no meio caminho tinha uma pedra). Duas idades bem marcantes, para uma menina-mulher como ela. 
Ela tenta estar feliz com o fato de completar mais um ano de vida. Tenta pensar positivamente, querendo lembrar do ano que passara. Esse é o seu Réveillon. Está em um momento da vida, onde já não se pode mais agir como adolescente. Deve tomar postura de mulher, mas por algum motivo, isso acaba sendo um pouco difícil para ela. Ao mesmo tempo, no último ano, fora catapultada para a vida adulta.
A moça pensa em comprar já alguns cremes antiidade, e lembra que a medicina, apesar de todo o seu avanço, ainda não criou uma cura para um simples aniversário. Mas uns cremes não iriam nada mal, afinal de contas, não gostaria de ter marcas na testa tão cedo.
Apesar de tudo, sabe que tem sido feliz por vinte e três anos. Com bons amigos, alguns bons aprendizados, com uma pessoa bacana ao seu lado. 
Para ela, é esquisito demais comemorar de ano em ano, se a mudança nela, acontece a cada dia. Todos os dias ela descobre uma pinta nova em seu corpo, tem um pensamento diferente. A cada dia ela amadurece e cresce e aprende um pouco.
Julia acha que já não sabe mais comemorar aniversários. Vai chegando o dia, vai chegando a tristeza. Quanto mais perto, mais triste. E quando passa... Opa! Já foi! Quase não dói.

Apesar de tudo, ela continua sendo uma linha tênue entre Van Gogh, Monet e Renoir... Já não é mais tão Magritte... Ja consegue ver seu rosto...

5 comentários:

Jeh disse...

Lele Linda! Adorei o texto!
Imaginei você sentada no seu quarto olhando para sua janela :D
Amo vc!

Jeh

Jeh disse...

Lele estão me nascendo muitas pintas novas também! Não sei se é um problema dermatológico ou se é so o tempo mesmo!
Adorei esse texto aliás eu vejo tanto de você nele que posso criar na minha cabeça uma mini novela com todos os personagens, cenários e etc!
Bjaum Jeh

gipicles disse...

eu tenho essa mesma sensação... de que o tempo está engolindo tudo... acho que é por isso essa sede de viver... e você está conseguindo amenizar isso tão bem... espero que em breve eu também consiga =)

Camila Maria disse...

Essa ideia dos 23 estar entre os 15 e os 30 foi perfeita. Senti isso quando completei meus 23, mas não tinha pensado que essa sensação corresponde ao estar no "meio do caminho".

Bjos!

Toad - Matheus H. disse...

O tempo passa voando mesmo. É impressionante. Algumas amigas minhas também já comentaram destes questionamentos entre os 20 e os 30... depois dos 25 você vai centrando mais.