Os pontos da vida


''Tudo tem um final feliz. Se não foi feliz, ainda não é o fim.''
Minha mãe.
Ah, a vida! que difícil é escrever a história da vida... melhor se fosse digitada, com corretor ortográfico automático, mas não... temos que escrever à mão, letra por letra. A tinta da caneta acaba, dá tendinite, calos nos dedos, as palavras e parágrafos errados, damos um jeito passando branquinho, riscando em cima, mas as marcas do erro vão ficar lá... não desaparecem... mas temos q escrever à mão... senão, não é vida. é qualquer coisa.doc e isso não tem graça.
Uma coisa de que sempre tive dificuldade: pontuação. Nunca sei se emprego a vírgula, o ponto e vírgula, ponto final, exclamação, interrogação, dois pontos, e as tão difíceis reticências que tudo deixam no ar... pairando por ai, perdido por ai...
Existem capítulos que escrevemos facilmente... e outros meio... digamos... difíceis de começar... uma resistência aqui, um vício de linguagem ali... mas uma vez a idéia formada, ''vai que vai''. Aí que começa... a tinta da caneta acabou... hora de trocar a caneta. ''Droga! não tenho mais caneta azul... só tem vermelha'' é... vai ter que aprender a misturar as cores... com uma certa resistência, mas já parou pra pensar que bonito é um caderno colorido? Legal, vermelho com azul até que combina! ''Droga, errei! Cade o branquinho?'' legal... parece até fácil, ?! A gente vai lá, passa branquinho, e escreve certo por cima... é praticamente High-Tech! Ledo engano! reparou que quando passamos branquinho por cima de alguma coisa escrita, se virarmos a página, dá pra percebera tinta borrada? e outra, ali por baixo da sua correção, tem uma marca, que cobre um erro... e mais, não dá pra escrever certo por cima do branquinho assim, na hora... tem que esperar secar e estar pronto pra receber tinta de novo... e isso leva algum tempinho, por mínimo que seja...
Beleza.... uma vez aprendida a técnica de como se usa o branquinho tudo parece mais fácil... começam as dores no pulso, os calos nos dedos... e a visão começa a cansar... hora de um break... levanta, toma uma água... da uma voltinha... come alguma coisa... pronto! vamos lá!
E assim as histórias das nossas vidas vão sendo escritas... nem sempre com as melhores palavras, nem sempre com a caneta mais cara... nem sempre temos um branquinho pelas proximidades, para qualquer emergência.
Escrever à lápis é a pior coisa a se fazer! Não escreva a lápis! Dá pra apagar tudo! TUDO! Já pensou que triste apagar um capítulo inteirinho numa crise qualquer? terrível! Todos os capítulos nos ensinam muitas coisas! TODOS ELES!
Enfim... a tal pontuação... Se colocamos um ponto final... é final... e vida pra mim não tem final... então esse eu não uso... a não ser em casos especiais... excessões beeeeem específicas... ponto e vírgula é mais suave... mais sutil, é uma pausa maior que a virgula, essa que é só uns minutinhos... uma ida ao banheiro, um banho. Minha história é toda repleta de interrogações, e interrogações grandes... eu sou muito exagerada para as interrogações... e para as exclamações também...
Agora, a melhor pontuação para esse capítulo, são as reticências... não acabou, e não vai acabar tão fácil!
A vida inteira é reticente, não é?

5 comentários:

Anônimo disse...

;

Anônimo disse...

Eu prefiro ...
Porque depois de ... sempre tem um novo começo ou até mesmo eu recomeço.

Anônimo disse...

Para escrever a minha vida é preciso inúmeras exclamações.

Adorável reflexão

Anônimo disse...

A minha é feita de três pontinhos...tudo tem continuação...tudo se transforma...muda...mas a essência sempre será a mesma...ponto final pra mim nem pra mudar de assunto...
Vamú que vamú, Lets...Ü

Anônimo disse...

Os pontos da vida. Engraçada e ótima analogia, Lê.
Questionar-se sobre qual ponto usar na gramática da vida é como arriscar-se em um penhasco; não o faça, não se arrisque: apenas deixe a sua mão que pulsa escrevê-la. Ela sabe o que faz!
Beijos e sucesso!

Amo você